Apenas mês de abril, o país vizinho adquiriu pouco mais de US$ 1 milhão em mercadorias. Foto: Nelson Almeida

A Seplan (Secretaria de Planejamento e Desenvolvimento) apresentou um relatório sobre a balança de comércio exterior de Roraima no período de 2015 a 2018, com foco na Guiana e Venezuela.

O trabalho é resultado de uma observação do comportamento das exportações e importações das empresas roraimenses nos últimos quatro anos, e foram apresentados no relatório, as variações positivas e negativas da balança comercial, destacando os principais produtos desta pauta e comentando as razões que vieram a influenciar o fluxo dos negócios, bem como, ressaltando as novas janelas de oportunidades que surgirão nos próximos anos.

Guiana pode ter boom por conta do petróleo

Segundo o relatório, a economia da Guiana tem mostrado crescimento moderado desde 1999, baseado na expansão dos setores agrícola e mineiro, atmosfera mais favorável para iniciativas empresariais, taxa de câmbio mais realista, inflação razoavelmente baixa e apoio continuado por parte de organizações internacionais.

Os problemas crônicos incluem carências no número de trabalhadores qualificados e infraestruturas deficientes. A Guiana faz parte do Bloco Econômico do Caricom (Comunidade do Caribe) e isso tem atraído a acentuada vontade de parcerias comerciais de outras nações, como o Reino Unido, China e o Brasil.

Empresas de Roraima já perceberam a importância do desenvolvimento de projetos de infraestrutura para a produção agropecuária conjunta, gerando escala, e a consolidação de boa logística de escoamento de produtos finais.

Por conta da descoberta de petróleo no mar territorial da Guiana surgiu esperança de melhoria na economia. O governo da Guiana deve receber anualmente US$ 6 bilhões em royalties e tributos já no final de 2020.

Economistas apontam que isso significa que o PIB atual do País, US$ 3,6 bilhões, vai triplicar em cinco anos. “Com o foco voltado para Guiana, o Estado segue na mesma expectativa de crescimento do PIB deste país abalizado pela exploração e venda de petróleo a partir de 2020, podendo tornar-se um mercado consumidor extremamente relevante ou parceiro na produção agropecuária, gerando escala para exportar para outros países ou Blocos Econômicos, principalmente após a consolidação dos projetos de infraestrutura”, explicou o secretário de Planejamento e Desenvolvimento de Roraima Marcos Jorge de Lima.

Venezuela sofre com fome e tenta se reestruturar

A Venezuela tem as maiores reservas de petróleo do mundo e o recurso é praticamente a única fonte de receita externa do País. O petróleo hoje responde por 96% das exportações no País vizinho.

Em 2014, o preço do petróleo desabou iniciando um processo de contração da economia venezuelana que neste momento passou a depender mais e mais de importações – de alimentos e medicamentos até pneus e peças de reposição para o sistema de metrô das grandes cidades.

Nos dois últimos anos, com menos dinheiro para importação, a questão do desabastecimento e, consequentemente, da fome se agravou.

“Evidencia-se que Roraima pode se tornar um centro de distribuição de produtos e serviços para o País vizinho neste momento de crise, e mesmo que a situação política se reverta haverá grandes oportunidades para empresas de Roraima na participação da reconstrução da economia venezuelana”, justificou Marco Jorge.

Balança Comercial

De 2015 a 2018 as exportações provenientes de empresas de Roraima com destino à Venezuela deram um salto positivo nos três primeiros anos e em 2018 o ritmo das exportações das empresas roraimenses esteve bem abaixo dos últimos dois anos. Na importação, o Estado também aumentou e depois reduziu o valor dos produtos importados da Venezuela em relação ao ano anterior também por conta da crise.

Com relação à Guiana, houve acréscimo nas exportações no mesmo período puxadas pelo farelo de soja e rações. Na importação se manteve o único produto da pauta, o arroz, produzido por empresa roraimense em terras guianenses.

O diretor do Departamento de Comércio Exterior, Eduardo Bayma Oestreicher, explicou que não se pode desprezar esse saldo comercial que temos com a Venezuela. “Observamos que o saldo da balança comercial de Roraima na exportação deu um salto muito grande em função principalmente da venda de produtos de primeira necessidade para a Venezuela. Em relação à Guiana temos a expectativa de ter projetos de infraestrutura concluídos pois assim poderemos ter acesso também a outros Países e blocos econômicos”, disse.

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