São três creches abandonadas no bairro Cidade Satélite há pelo menos seis anos

Enquanto a prefeita Teresa Surita (MDB) se coloca como exemplo de modelo de política pública voltada para a Primeira Infância, em Boa Vista existe uma realidade oculta de descaso com a infância em um momento delicado, quando aumentou a demanda por creches com a chegada de centenas de crianças venezuelanas. São cinco escolas Pró-Infância que estão abandonadas desde 2013 em pelo menos cinco bairros da Capital, todos na Zona Oeste, as quais poderiam estar amenizando a vida de inúmeras famílias.

São três creches largadas ao descaso somente no bairro onde a prefeita mora, o Cidade Satélite, justamente o que mais cresceu nos últimos anos devido à instalação de conjuntos habitacionais, o maior deles o Residencial Vila Jardim, que abriga 2.992 famílias em 180 blocos de apartamentos distribuídos em 12 condomínios. Significa que a localidade onde mais se precisa de vagas para crianças é a que mais tem obras de creches não concluídas e abandonadas.

As demais obras abandonadas estão nos bairros Nova Cidade e Jóquei Clube, outros bairros populosos da Capital. Esses prédios, quando começaram a ser construídos há cinco anos, estavam orçados em cerca de R$2 milhões, mas foram largados e o canteiro de obras completamente abandonado pela Prefeitura de Boa Vista, sem qualquer proteção para evitar a depredação por vandalismo e furtos.

Essa vergonhosa realidade colocou Roraima como o segundo Estado brasileiro com maior índice de obras atrasadas relacionadas a creches e escolas municipais, em 2017, de acordo com o relatório “Tá de pé?”, realizado pela Organização Não Governamental Transparência Brasil. O percentual era de 53% de todas as obras financiadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação (FNDE), só perdendo o primeiro posto para o Maranhão, com 55% das obras inacabadas. Das 36 escolas e creches municipais paralisadas, 19 eram de Boa Vista, creches do Programa Nacional de Reestruturação e Aquisição de Equipamentos para a Rede Escolar Pública de Educação Infantil (ProInfância) Tipo B.

O motivo é que a Prefeitura de Boa Vista recebeu os recursos federais do FNDE, mas não repassava os valores para o responsável pela construção, o Consórcio Pró-Infância Brasil (PIB). A demora no repasse causou a defasagem dos contratos, uma vez que os preços eram de março de 2013. Com o passar do tempo, os valores ficaram defasados, impossibilitando a execução. Agora, para retomar e concluir essas obras, serão gastos mais R$10,2 milhões, ou seja, mais que o dobro do valor, recurso esse que deveria servir para construir mais creches para uma cidade que é impactada diariamente pela imigração desordenada.

Há seis anos que Teresa Surita esnoba a infância boa-vistense, enquanto se coloca como a fofura nas redes sociais, inclusive dissimulando gostar dos animais, que foram mortos no Centro do Zoonoses e os quais ela chama hoje de “Iti Malia”. Não custa lembrar que o Juizado da Infância e Juventude obrigou a Prefeitura de Boa Vista a fornecer alimentação às crianças imigrantes que viviam no abrigo, em dezembro de 2016, o que foi negado pela prefeita. Mais uma evidência de que o sorriso estampado nas suas redes sociais não corresponde à realidade dos fatos.

Mas recursos federais não pararam de ser gastos com a infância, cifras muito maiores do que o tamanho desse “amor” por bichos e gente. Em março de 2014, a prefeita Teresa Surita gastou cerca de R$9 milhões com fardamentos supostamente inteligentes que viriam com um chip localizador. Hoje, não se ouve mais falar nisso e o gasto, com essa montanha de recurso, que daria para construir no mínimo mais quatro creches, caiu no esquecimento. Tem até criança fugindo da escola sem que ninguém perceba nem saiba aonde ela foi parar.

O momento delicado pelo qual passamos não pode ser negligenciado, principalmente porque, se tínhamos um grande contingente de crianças boa-vistenses fora da Educação Infantil, principalmente por falta de creches, com a realidade da imigração esse quadro só piorou. São milhões direcionados a obras que poderiam esperar mais um pouco, enquanto a educação fica em um segundo plano. As creches abandonadas são apenas um desses exemplos. Vamos pagar um preço bem caro por essa falta de prioridade com a infância boa-vistense.

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

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