Realidade que a Prefeitura não mostra sobre a infância boa-vistense (Foto das crianças: Jorge William / Agência O Globo)...
…Mas isso é o que foi mostrado aos especialistas que vieram para o Fórum da Primeira Infância (Foto:Jackson Souza)

A Capital roraimense sedia, desde ontem, o Fórum Nacional da Primeira Infância, com a presença do ministro da Cidadania, Osmar Terra, proclamado pela prefeita Teresa Surita (MDB) o padrinho da Primeira infância em Boa Vista. Já que a ele cabe tal responsabilidade, então o ministro também precisa ficar sabendo que, enquanto a Prefeitura se enaltece como exemplo para o país quando se trata de infância, ela deixou ao menos sete obras de creches Pró-Infância abandonadas nos bairros periféricos da cidade, onde as crianças mais estão vulneráveis.

Somente no bairro onde a prefeita mora, o Cidade Satélite, o que mais vem crescendo nos últimos anos, TRÊS obras de creches foram largadas ao descaso, desde 2013, tornando-se alvos de vandalismo e furtos, além de submetida à deterioração pela ação do tempo. Esse bairro carece de investimento urgente da infância porque lá foram instalados os maiores conjuntos habitacionais do Estado e vem recebendo migrantes diariamente. O maior dos conjuntos, o Residencial Vila Jardim, abriga 2.992 famílias em 180 blocos de apartamentos distribuídos em 12 condomínios.

Outras quatro obras de creches foram abandonadas nos bairros Caimbé, Nova Cidade, Jóquei Clube e Senador Hélio Campos. O Caimbé é outro bairro severamente atingido pela imigração e com um agravante: tornou-se a maior área de prostituição a céu aberto, todas venezuelanas, em que muitas delas são mães solteiras que deixam suas crianças sozinhas ou com terceiros. Lá não existe prédio de creche abandonado porque nenhum tijolo foi colocado. Apenas o terreno foi reservado e aterrado, para logo em seguida os serviços serem abandonados.

Esses prédios, quando começaram a ser construídos há cinco anos, estavam orçados em cerca de R$2 milhões. Essa vergonhosa realidade colocou Roraima como o segundo Estado brasileiro com maior índice de obras atrasadas relacionadas a creches e escolas municipais, em 2017, de acordo com o relatório “Tá de pé?”, realizado pela Organização Não Governamental Transparência Brasil. O percentual era de 53% de todas as obras financiadas pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento e Educação (FNDE).

O motivo é que a Prefeitura de Boa Vista recebeu os recursos federais do FNDE, mas não repassava os valores para o responsável pela construção, o Consórcio Pró-Infância Brasil (PIB). Agora, para retomar e concluir essas obras, serão gastos no mínimo mais R$10,2 milhões, ou seja, mais que o dobro do valor destinado anteriormente, recurso este que deveria servir para construir mais creches para uma cidade que é impactada diariamente pela imigração desordenada.

É diante deste quadro que Teresa Surita se coloca como exemplo para a infância brasileira. Com certeza, o recém-indicado “padrinho da infância de Boa Vista” não ficou sabendo da verdadeira face da Capital quando se fala em creche para a primeira infância. E mais: enquanto o ministro fala sobre a ajuda do Governo Federa para Roraima enfrentar a situação dos venezuelanos no Estado, as crianças estrangeiras estão nos semáforos, feiras-livres, supermercados e estacionamentos pedindo esmola, sozinhos ou na companhia de familiares. O quadro é desolador.

*Colunista, idealizador do site www.roraimadefato.com.br

ALTERAÇÃO

Esse artigo foi alterado às 11h27 para atualizar informações sobre o número de obras de creches abandonadas em Boa Vista. Foram sete creches, e não seis, conforme escrito anteriormente. Foi incluída, na relação de obras abandonadas, a do bairro Senador Hélio Campos.

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