No mundo da política roraimense, foi criada uma realidade paralela onde tudo é perfeito (Imagem: Divulgação)

Os números do 13o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, que colocam o Estado de Roraima como campeão em assassinatos no país, não surpreenderam a população que vive nas periferias de Roraima, tanto na Capital quanto no interior do Estado. Pode ter surpreendido o Governo do Estado, que recentemente até chegou a comemorar a redução da violência baseado apenas em propagandas.

Desconfia-se que o governo de Antonio Denarium (PSL) tenha instituído a Terra 2, um universo paralelo criado em revistas em quadrinhos e recriado no cinema norte-americano. Nesse Estado de Roraima imaginário, tudo funciona perfeitinho dentro do vidrinho. É nesse universo paralelo que os dados da violência no Estado talvez tenham pego de surpresa quem decidiu viver nele.

Sem uma política de governo para a área de segurança integrado com outros setores, não há como reduzir a violência, principalmente com o crime organizado que criou um poder paralelo, a migração em massa de venezuelanos em miséria absoluta para Roraima, jovens e adolescentes ociosos nas periferias e o fechamento de escolas na cidade e no interior.

Crianças, adolescentes e jovens ociosos, sem quaisquer perspectivas nos bairros da Capital e cidade do interior, são matéria-prima disponível para um quadro sombrio que se criou em Roraima. As praças públicas nos bairros mais afastados podem ser usadas para medir esse quadro, onde as drogas e a marginalidade avançam diante da falta de um programa mínimo para proporcionar ocupação para as crianças e adolescentes que se tornam alvos fáceis para o crime.

Não só nas praças. Quem quiser ter a real sensação da ausência do poder público na vida desses jovens basta dar uma volta no entorno do Residencial Vila Jardim, o maior condomínio popular do Estado, no bairro Cidade Satélite. A marginalidade ronda crianças e adolescentes ociosos, bem como o tráfico de droga que atua sem esforço a qualquer hora do dia. Lá é apenas um exemplo resumido em um lugar bem visível. Mas esse cenário se repete em outros bairros.

Não é à toa que os jovens mortos tragicamente em acertos de contas entre o crime organizado são maioria. A juventude roraimense está sendo degolada e nada se vê a fim de mudar esse quadro. Os programas sociais para socializar e preparar os adolescentes para a vida e para o mercado de trabalho inexistem por parte dos governos locais.

É dentro desse contexto que os números reais da violência em Roraima não surpreendem quem está na vida real das desassistências governamentais, incluindo aí o Estado e as prefeituras. Porque na vida real os crimes são corriqueiros e os jovens estão à mercê da marginalidade e do crime organizado nas periferias. A insegurança e todas as demais mazelas não existem na Terra 2 criada pelo governo.

Também não existem imperfeições no mundo imaginário alimentado nas redes sociais da prefeita de Boa Vista, Teresa Surita (MDB), que faz de tudo para não assumir uma postura ativa na questão da imigração venezuelana. Os semáforos e os comércios da cidade estão cheios de crianças pedintes. Essa é outra triste realidade que precisa ser enxergada urgentemente pelas autoridades. Ou vamos ter um futuro muito mais sombrio em breve. E não haverá Terra 2 nem postagens em redes sociais que terão o poder de esconder isso.

Acordem para a realidade enquanto há tempo!

*Colunista

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