Proposta enviada por governador deve ser votada em regime de urgência (Foto: Divulgação/Folha Uol)

Não que a extração mineral deixe de ser uma alternativa econômica, mas a garimpagem em terras indígenas é crime e, para ser legalizada, exigem esforços que fogem ao domínio do Estado. Nem a extração de madeira pode ser desprezada, já que se trata de um setor econômico que gera divisas. Mas a rápida atuação do governador Antonio Denarium (PSL) em favor dessas duas atividades, uma ilegal e outra legal, demonstra, mais uma vez, que este governo só enxerga os grandes.

Assim que assumiu, o governo logo cooptou um conhecido grupo de indígenas para ir a Brasília em movimento supostamente para defender os interesses dos índios. Mas era um truque. Em suas falas, as lideranças indígenas pediram a legalização do garimpo (que só poderá ser explorado por grandes mineradoras quando – e se – legalizado) e a anistia de multas aplicadas às empresas madeireiras.

Enquanto isso, o garimpo ilegal explodiu nas terras indígenas, não só por meio da invasão praticada espontaneamente por milhares de garimpeiros desempregados, investindo seus últimos e parcos recursos na exploração de ouro, como principalmente por grandes agenciadores endinheirados que bancam maquinários, transporte aéreo e abastecimento de comida e combustível.

Como o Brasil por lei e convenções internacionais é obrigado a combater e coibir esse tipo de atividade, logo surgiram protestos, movimentos estes imediatamente encampados pelo Governo do Estado, que não mediu esforços para ir a Brasília pedir pelo garimpo (leia-se os empresários de garimpo). Atualmente, com a mobilização dos madeireiros, novamente o governador apressou-se para ir a Brasília interceder pelos empresários extrativistas.

Foi sempre assim com esse governo: na primeira oportunidade, não mede esforços para acudir seus parceiros empresários. Quando se trata de defender o interesse dos mais pobres, Denarium não move uma palha ou faz corpo mole. Não está fazendo nada para evitar a greve dos trabalhadores de saúde, muito menos faz entendimentos para ouvir as demais categorias estaduais, prestes a anunciarem uma greve geral.

Denarium também se faz de desentendido com a questão do êxodo em massa de venezuelanos, como se o problema não lhe dissesse respeito, embora o governador tenha se apressado em anunciar que vai acompanhar o presidente Jair Bolsonaro (PSL) em nova sigla partidária. Mostra-se aliado de primeira hora de Bolsonaro, mas sem pedir contrapartida. Lavou suas mãos para a imigração desordenada, bem como extinguiu a única ajuda que o governo proporcionava aos roraimenses pobres, o benefício social Crédito do Povo.

Esse é o governo Denarium, que quando estava em campanha eleitoral dizia que o problema não era falta de recursos, e sim falta de administração. Mas hoje não perde a oportunidade para anunciar na imprensa um deficit irreal nas contas do governo, a fim de justificar o desastre administrativo que aí está, com tudo beirando o caos. É um governo de truques e fantasias, alimentado pela incompetência política e administrativa.

Parece que o governador só vai cair na real, deixando de dar prioridade para os grandes e defendendo o povo, quando eclodir uma greve geral dos servidores públicos e o caos se instalar definitivamente. E não será de duvidar que ele culpe o trabalhador, como sempre ocorre com os governos incompetentes que agem rápido em favor de seus parceiros empresários que bancam suas campanhas eleitorais.

*Colunista

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