Melquesedeque foi morto a pauladas, golpes de faca e esquartejado. Foto: Reprodução

A partir de um vídeo gravado por criminosos, compartilhado em grupos de WhatsApp, pelo celular da vítima Melquesedeque Ferreira Alves, de 23 anos, morto a pauladas, golpes de faca e esquartejado, a equipe da Polícia Civil de Rorainópolis, com o apoio de policiais militares, solucionou o crime e prendeu três suspeitos, além de identificar outros três que estão sendo procurados.

Melquesedeque foi “julgado” por criminosos por um tribunal do crime e sentenciado à morte. A cabeça dele foi localizada no fim da tarde desta quinta-feira (5). Ele desapareceu na terça-feira (3), por volta das 15h, e o corpo foi encontrado às 11h30 do dia seguinte no trecho que dá acesso à vicinal 34, área urbana de Rorainópolis. O cadáver estava encoberto por galhos de árvores e se constatou que os criminosos tentaram queimar o corpo, mas o fogo se apagou.

Seis pessoas participaram do crime, entre elas, um adolescente de 15 anos. Três dos envolvidos foram presos em flagrante nesta quinta-feira. A polícia ainda tenta localizar e prender os outros três, que já foram identificados.

Vídeo

As investigações estão sendo conduzidas pela delegada Suébia Cardoso. Segundo ela, os familiares da vítima produziram banner e compartilharam nas redes sociais informando seu desaparecimento. Os policiais fizeram buscas na região e encontraram o corpo esquartejado e decapitado. A cabeça da vítima só foi encontrada depois.

“Logo em seguida à localização do corpo, um vídeo em que a vítima era ‘entrevistada’ pelos autores do crime começou a circular nos grupos de WhatsApp. Antes de morrer, o rapaz foi ‘julgado’ e acusado de pertencer a uma facção rival. Os autores do crime o acusavam de, com os membros de sua organização criminosa, estarem planejando matar os integrantes da outra facção”, disse a delegada.

O vídeo foi o ponto de partida para as investigações da Polícia Civil. As diligências feitas pelos policiais possibilitaram reconhecer a voz dos autores do crime que interrogavam a vítima.

“A partir daí, conseguimos identificar todos os autores do crime. Desde o momento em que o corpo foi localizado, a equipe do Setor de Investigação de Rorainópolis atuou com muita eficiência. As diligências não cessaram. Após identificarmos as pessoas do vídeo, durante todo o dia e a noite de ontem [quinta-feira], nós estivemos empenhados, com ações ininterruptas. Nossos policiais não mediram esforços para esclarecer quem eram os autores desse terrível crime”, destacou a delegada.

Os suspeitos foram identificados como o auxiliar de açougueiro Ismael da Conceição da Silva, de 20 anos, Robson Lucas da Costa Guimarães, 19, Joel Santos Silva, Samuel Ítalo Alves Lima e Yves Albieiri Oliveira de Castro (os três de 18 anos), além do adolescente.

Confissão

Ismael confessou todo o crime e disse que foi ele quem matou o jovem “sozinho”. Ao ser interrogado, informou que, no dia do crime, acompanhado de Yves, foi até a Praça Novo Horizonte, onde a vítima estava sentada em um banco. Em seguida, os outros participantes chegaram ao local. Foi o adolescente quem apontou Melquesedeque como integrante da facção rival.

“Ele disse que foi até a vítima, fez algumas perguntas a ela e depois decidiu que deveriam submetê-la ao tribunal do crime. Eles a coagiram e a levaram andando até a vicinal 34 e, no meio do caminho, numa área de mata, gravaram o interrogatório e o sentenciaram à morte”, detalhou a delegada.

Suébia Cardoso acrescentou que na tarde de quinta-feira, os policiais estiveram no local, no meio da mata, em que Melquesedeque foi interrogado no vídeo.

“Após esse interrogatório, o acusado conta que andaram mais dentro da mata, na vicinal 34, e chegaram a um determinado local por volta das 17h30. Ele deixou a vítima, amarrada, sob a guarda de outros três integrantes e foi até sua casa onde jantou e depois retornou para a mata, por volta das 19h30, decidido a matar Melquesedeque.”

As investigações apontam que, no momento em que ocorreu o “julgamento”, dois envolvidos no crime Robson e Samuel não participaram, mas tinham conhecimento de tudo o que estava acontecendo. Os dois decidiram ir vender drogas numa praça, ocasião em que foram presos em flagrante por tráfico e associação para tráfico de drogas. Eles foram apresentados para audiência de custódia e Robson teve a prisão preventiva decretada.

“Quando prendemos as pessoas que participaram da execução, ele já estava preso aqui na delegacia por tráfico e associação para o tráfico”, disse a delegada.

Detalhes

Ismael contou detalhes do crime para a delegada de forma “fria”. Ele disse que primeiramente deu uma paulada nas costas da vítima, que estava sentada e amarrada. Ao cair no chão, Melquesedeque foi esfaqueado no pescoço, costas e barriga.

“Por ser auxiliar de açougueiro, o acusado contou que após matar Melquesedeque esquartejou o corpo, cortando nas juntas e decapitando. A cabeça da vítima ele jogou numa mata, em sentido contrário ao que o corpo foi encontrado, local em que a encontramos na tarde de ontem [quinta-feira]. Depois, colocou os pedaços do corpo do rapaz para fazer uma fogueira e carbonizá-lo, mas não conseguiu queimar tudo”, descreveu Suébia.

A delegada disse que ficou impressionada com a frieza e o grau elevado de crueldade de Ismael da Conceição da Silva ao relatar como matou a vítima.

“Ele disse que matou sozinho e que os demais companheiros apenas ficaram observando e fazendo sua segurança, caso a vítima reagisse, o que em momento algum, pelo que eles relataram, ocorreu. Ele chegou a detalhar que abriu o peito de Melquesedeque e retirou o coração, cortando de forma que saísse inteiro. Depois, lavou as mãos em uma poça de lama. Muita crueldade”, afirmou.

Para a delegada, Ismael disse que decidiu matar Melquesedeque porque ele teria matado um integrante de sua facção no Amazonas.

Flagrante

Nas diligências que duraram até a madrugada desta sexta-feira, três dos envolvidos foram autuados em flagrante pela delegada Suébia Cardoso. São eles Ismael da Conceição da Silva, Robson Lucas da Costa Guimarães e Yves Albieiri Oliveira de Castro.

A Polícia Civil faz diligências para localizar os outros três, entre eles Joelson Santos Silva e o adolescente.

“Esse crime foi extremamente cruel e toda a equipe da Polícia Civil de Rorainópolis se mobilizou para identificar os infratores e solucionar esse caso. Nós contamos também com o apoio logístico dos policiais militares do município, nossos parceiros. Estamos finalizando as diligências e apresentando à sociedade o resultado desse trabalho incansável, de uma equipe que não mediu esforços para esclarecê-lo, o que nos permite parabenizar cada um deles por seu mérito profissional. Somente descansaremos quando prendermos o último”, ressaltou a delegada.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here