Deputado Nicoletti (União-RR). Foto: Divulgação

Eleito como um “não-político” na esteira do bolsonarismo que tomou conta do país, os fatos estão indicando que o deputado federal Antônio Nicoletti (PSL) tem problemas com a verdade. O primeiro candidato oficializado para disputar a Prefeitura de Boa Vista, durante convenção partidária, o parlamentar começou a se enredar cedo com suas próprias palavras.

Mas vamos aos fatos de frente para trás, como o romance de Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis. Na formalização de sua candidatura, quando foi anunciado pelo seu suplente, Airton Cascavel (o qual, pelas coisas que só a política explica, também é assessor especial do Ministério da Saúde), que Nicoletti terá apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), tentando colar sua imagem ao do presidente da República, o que garantiu sua eleição.

A internet não perdoa. Isso foi desmentido logo em seguida pelo próprio Bolsonaro em uma postagem na rede social. Uma aposta ousada, pois toda opinião pública acompanhou o episódio em que Nicoletti votou contra a indicação do filho de Bolsonaro, o deputado federal Eduardo, para assumir a liderança do PSL na Câmara.

De lá o parlamentar roraimense já foi limado e passou a fazer parte das hostes bolsonaristas, quando foi degolado do cargo de vice-líder do governo na Câmara Federal ao Eduardo Bolsonaro assumir a liderança do PSL. Não haveria qualquer sentido a família Bolsonaro declarar apoio a Nicoletti. Mesmo assim,  ele divulgou o vídeo com a fala de Cascavel tentando colar sua imagem à de Bolsonaro.

Antes disso, Nicoletti já havia sido desmentido pela Polícia Federal quando o parlamentar foi para as suas redes sociais divulgar que foi ele quem havia pedido a Operação Virion para apurar casos de corrupção na saúde estadual. Até um policial federal foi lá e deu um “puxão de orelha” nele.

Bem antes disso, numa audiência pública na Assembleia Legislativa no início do ano, para discutir a questão energética, Nicoletti havia mostrado que estava para bravatas, quando esbravejou que iria dar voz de prisão aos índios Wairmiri-Atroari que o impedissem de passar pela corrente que bloqueia a BR-174 no posto fiscal de Jundiá, no Município de Rorainópolis, no Sul do Estado. Claro que ele não tem coragem para isso nem legitimidade. E tudo ficou como isso mesmo, uma bravata.

Mas a parlapatice dele vinha mesmo antes de assumir a cadeira na Câmara Federal, quando foi para suas redes sociais dizer que iria trabalhar para a reabertura do garimpo em Roraima, algo que jamais será simplista da forma que foi colocada pelo então recém-eleito deputado federal. E sua fala se perdeu no vácuo de mais uma bravata.

Essa é a grande preocupação de quem acreditou em um “não-político” que prometeu que iria fazer tudo diferente, enterrando a velha política. Mas tudo indica que Nicoletti aprendeu rápido a ser político, especialmente da velha e batida política das bravatas.

Mesmo sem ter mostrado nada no parlamento, agora quer ser prefeito de Boa Vista. Muita presunção para quem está enredado em suas jactâncias. A velha política tem agradecido esse comportamento… infelizmente.

*Colunista

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