Prefeita Teresa Surita foi entregar reforma fingindo que gosta do Pit Stop (Imagem: Reprodução/Twitter)

Se a deputada federal Shéridan de Oliveira (PSDB), candidata à Prefeitura de Boa Vista, é especialista na arte do fingimento, como ela demonstra a cada campanha eleitoral, a prefeita Teresa Surita (MDB) é expert em transformar inverdades em fatos por meio da propaganda, investindo pesado o dinheiro do contribuinte em publicidade.

Digamos que Shéridan finge bem, mas Teresa finge melhor porque é ancorada pelo marketing pesado, alimentado por farto dinheiro público para fabricar uma imagem irreal. Finge tão bem que Shéridan se torna apenas uma fedelha política frente ao profissionalismo na arte de enganar de Teresa.

Vamos ao exemplo. O caso Pit Stop deixou bem claro esse profissionalismo em fingir e enganar a coletividade. Teresa pessoalmente queria acabar com o Pit Stop, que é um misto de bar, restaurante e karaokê que funciona 24 horas no início do complexo Ayrton Senna, na entrada para o Aeroporto Internacional de Boa Vista, no Centro.

A prefeita nunca viu com bons olhos manter a concessão para o Pit Stop, porque esse ambiente ganhou uma fama de um passado que não existe mais, onde as madrugadas eram propícias para confusões, muitas vezes praticadas por esse mesma elite que diz que não frequenta, mas que acaba indo parar por lá porque é o único lugar que ficava aberto nas madrugadas.

O tempo passou, o proprietário do local investiu em segurança e naturalmente o Pit Stop passou a receber diferentes públicos por todos os períodos. Pela manhã, servidores e funcionários de empresas da área central indo para o almoço. À tarde, esportistas e atletas que frequentam a praça. No fim de tarde e início da noite, famílias com suas crianças e idosos. E, noite adentro, os demais públicos  que chegam para o karaokê e ingerir bebidas, geralmente depois que outros bares e festas terminam.

Foi assim que o Pit Stop se tornou uma tradição para todos os públicos, de todas as camadas sociais, onde pobres e ricos se encontram, além de referência para turistas, que já ouviram falar (ou ouvem quando chegam)  sobre o local e querem conhecê-lo, assim como turistas querem conhecer o Bar Amarelinho no Rio de Janeiro, por exemplo.

Mas Teresa e seus asseclas desconhecem completamente essa realidade e viram nas obras de reforma pelo qual o complexo Ayrton Senna está passando uma oportunidade única para remover o Pit Stop dali, pois a prefeita nunca via aquele ambiente com bons olhos. Ela gosta de elitizar os espaços.

Além do mais, Teresa costuma reformar esses quiosques para depois desapropriá-los e dar a concessão para algum aliado político ou amigo empresário, já que não há um processo transparente na hora de decidir para quem será cedido o espaço.

O que ela não contava era com o apelo popular para manter o Pit Stop, inclusive com pressão de políticos aliados, que sabem da importância daquele local para a geração de emprego de mais de uma dezena de família, para o turismo e para essa simbiose social que o roraimense já se acostumou, com gente de todos os extratos sociais convivendo no mesmo espaço, apesar do choque cultural, dos preconceitos sociais e econômico, bem como do nariz empinado do “doutor” antes de se inebriar e se misturar ao povo.

Teresa levou um susto e teve que ceder às pressões. Porém, enquanto havia um movimento para que o Pit Stop fosse mantido, a obra de reforma seguiu sem ouvir as pessoas, sem ouvir o dono da concessão e sem respeitar as características daquele ponto tradicional e turístico. E a reforma ergueu um monstrengo fora da realidade, com um piso na cobertura central de quase um metro de altura, sem qualquer proteção e segurança para o público que lá frequenta, como as famílias com seus idosos e crianças.

Piso acima do nível do solo já provoca acidentes e representa um grande risco para crianças e adultos

Sem qualquer proteção para essa área central que ficou com o piso lá em cima, quase um metro acima do nível do gramado, parecendo cantor sertanejo que gosta de cantar trepado, os acidentes começaram a ocorrer, com clientes desabando lá de cima. Por sorte, nada de grave. Mas as crianças e idosos que lá frequentam estão sob constantes riscos de um acidente grave.

Esse piso, de quase um metro, atrapalha o fluxo de clientes e complica a vida das garçonetes, os quais todos se veem obrigados a saltar lá de cima na hora de grande movimento, com sério risco de um acidente. Tudo por causa da petulância de uma prefeita que não respeita, muitos conhece a realidade, a cultura e as tradições locais.

Os banheiros do Pit Stop foram outra situação impensada. Parece que foram construídos para um restaurante evangélico, e não para um bar que tem um grande fluxo de pessoas durante todo o dia, especialmente nos fins de semana e feriados, quando fica tudo superlotado. Uma grande trapalhada.

Teresa, como profissional em fingimento, vencida pela pressão, tentou faturar em cima da inauguração da reforma do Pit Stop e foi lá pessoalmente fazer a entrega da obra. Finge tanto que ela mesmo já havia esquecido que ela era (e ainda é) contra o Pit Stop, porque a prefeita preferia mesmo era eliminar o bar dali de qualquer forma.

A intenção era construir mais uma quadra de tênis para o público desse esporte de elite, que a procurou para cobrar uma de saibro. Esse público não está satisfeito com as duas quadras de tênis na Capital, uma no próprio Ayrton Senna, quase em frente da sede do Comando da Polícia Militar, e outra na Praça dos Bambus. Teresa chegou a pensar no projeto, mas foi vencida pela pressão popular.

Por isso a prefeita foi fingir na inauguração do novo Pit Stop, que ficou realmente bonito diante da estrutura anterior, mas sem respeitar as características do público que lá frequenta nem a tradição daquele local. Ninguém pode esquecer que Teresa manda passar por cima de qualquer coisa que não a agrade. Em passado bem recente, mandou passar a Orla Taumanan por cima do Porto de Cimento, que possibilitou a origem de Boa Vista.

A prefeita não respeita a cultura e a história locais. Pela pressão e o momento de campanha eleitoral, Teresa até decidiu manter o Pit Stop, mas do jeito dela, ainda que mal planejado para receber idosos e crianças, além do grande público de antigamente.

Mas Teresa finge tão bem, mas tão bem, que todos já se esqueceram do desaparecimento do Porto do Cimento e logo esquecerão que ela queria “matar” a tradição do Pit Stop para construir quadra de tênis de saibro para uma elite que nunca está satisfeita.

Definitivamente, Teresa finge muito bem…

*Colunista

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