Praça do Conjunto Cabos e Soldados debaixo d´água: cena que se repete a cada chuva por toda cidade (Foto: Divulgação)

A prefeita Teresa Surita (MDB) tem dois pensamentos fixos neste momento eleitoral: inaugurar a nova orla, o Parque Rio Branco, e fazer o eleitor sentir que está no período natalino, assim como fez o presidente venezuelano Nicolás Maduro, na tentativa de desviar a atenção para o caos em seu país.

A inauguração da nova orla faz parte do grande projeto de fachada em Boa Vista que inclui a reforma de praças públicas. A antecipação do Natal é a pitada da ilusão para colocar o eleitor dentro desse cenário preparado para tentar eleger o sucessor de Teresa, o vice Arthur Henrique (PSD), escalado com a responsabilidade de manter vivo politicamente o ex-senador Romero Jucá (MDB).

Mas a cidade do Natal antecipado e das praças reformadas não se sustenta na primeira chuva fora de época. Nem mesmo as praças reformadas por milhões conseguem ficar intactas. Bairros que acabaram de receber obras de drenagem, como o Caimbé, estão debaixo d’água. A verdadeira cidade, na zona Oeste, se derrete nas chuvas e se atola em lama.

Chuva do fim de semana deixou cidade submersa: fachada não se sustenta na primeira chuva (Foto: Divulgação)

Este cenário acaba por apontar ao eleitor quais são os verdadeiros desafios de Boa Vista, a exemplo da infraestrutura básica, esquecida por um longo período. Só nesta atual administração foram duas décadas, com o asfaltando chegando somente em áreas centrais, mas sem drenagem, fazendo com que a Companhia de Água e Esgoto (Caer), na sua deficitária estrutura,  seja obrigada a cavar valas para ampliar a rede de abastecimento.

Enquanto isso, Teresa não consegue enxergar além da reforma de praças e a construção da nova orla, que foi eleita por ela como símbolo de sua administração, na tentativa de criar uma fantasia na cabeça da população, como se olhar a cidade de cima fosse aliviar as pessoas do sofrimento a cada chuva ou mesmo na poeira do verão.

Com os postos de saúde despreparados para fazer o primeiro atendimento às vítimas de coronavírus, as ruas dos bairros mais afastados atolados e submersos na lama das chuvas, por falta de drenagem e asfalto, o trânsito perto do colapso e o vandalismo consumindo praças já reformadas, não restou para a atual administração tentar algo surreal: antecipar o Natal em Boa Vista, para criar uma atmosfera irreal.

Mas essa ideia de copiar o Natal de Nicolás Maduro, na Venezuela, pode ter sido uma ideia do marido da prefeita, Marcelo Guimarães, um velho comunista criado por Fidel Castro, em Cuba, saudoso dos antigos regimes que prometiam salvar o mundo por meio do socialismo.

Trata-se apenas de uma ideia saudosista, porque o marido da prefeita é um capitalista na essência, dono de uma empresa no valor de R$12 milhões, que planta mogno africano na fazenda da esposa, no bairro Cidade Satélite, que emprega essencialmente venezuelanos como parte de um projeto social. Guimarães também diz ser investir em Nova York, isso em três anos morando em Roraima.

 

No governo, os planos estão desmoronando

 

 

Enquanto a prefeita Teresa Surita aposta na fantasia natalina para tentar criar uma atmosfera para eleger seu sucessor, no Governo do Estado a realidade é outra. O pensamento fixo do governador Antonio Denarium (sem partido) é um suposto plano de criar uma nova matriz energética, mas isso só no Facebook, porque a realidade é outra.

Comandado pela esposa, Simone Denarium, que montou um governo paralelo dentro do Palácio Senador Hélio Campos, e por suas cunhadas, que comandam a Secretaria Estadual de Educação (Seed) e a Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes), o novo pensamento fixo do governador é eleger sua candidata à Prefeitura, a deputada federal Shéridan Oliveira (PSDB), que é comandada pelo grupo do escândalo da cueca.

Os planos só não prosperam porque um dos cabeças do núcleo que comanda a deputada candidata, o senador Chico Rodrigues (DEM), um antigo conhecido da velha política, foi pego pela Polícia Federal com o dinheiro na cueca, durante operação que investiga corrupção com o dinheiro destinado para combater o coronavírus.

A última tentativa de ressuscitar a candidatura de Shéridan, além de esconder o senador da cueca de sua campanha, foi a desesperada tentativa de resgatar a antiga prática de distribuir benefício social para o eleitor, às vésperas da eleição.

Mas a grande operação montada, sob comando da esposa e  cunhadas de Denárium, para cadastrar beneficiários a menos de uma semana para a votação, dentro das instalações da Universidade Virtual de Roraima (Univir), foi abafada neste domingo pela Polícia Federal, que levou equipamentos e cadastros.

Novo governo, mas antigas práticas. Tudo o que o eleitor repugnou nas últimas eleições, mas que continua sem qualquer pudor na administração de quem se pôs como moralizador na política.

Não é apenas a candidatura de Shéridan e do grupo da cueca que está ruindo. Também descem, morro abaixo, as futuras pretensões de Denarium em querer se reeleger, seu principal objetivo. Afinal, ele hipotecou parte de seu governo para o grupo do escândalo da cueca em troca de apoio para sua reeleição em 2022, bem como manter tudo que aí está.

Também da mesma forma que Teresa e Jucá depositam no seu vice a sobrevivência de seu grupo e de seus projeto e negócios dentro da Prefeitura, além da garantia de manter em segurança tudo que se passa nos cofres públicos, com as obras que mantém uma bonita fachada na cidade, mas que não resiste à primeira chuva.

Qualquer semelhança entre  os dois grupos não é mera coincidência…

*Colunista

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