Imagem publicada por Bolsonaro, em seu Twitter, com a qual ele cumprimenta Arthur Lira pela vitória na Câmara(Foto: Divulgação)

A onda bolsonarista que varreu o país, em 2018, pregando a ordem de uma “nova política”, foi enterrada de vez na noite desta segunda-feira, com a eleição da Presidência da Câmara Federal, em Brasília (DF). E o que era uma onda agora não passa de uma marolinha que não mete medo em mais ninguém .

No país em que a onda também passou a negar que a Terra é redonda, agora só resta acreditar que o único terraplanismo que restou, com a vitória do toma-lá-dá-cá, é a crença de que o território da política brasileira é do formato de uma grande pizza a gosto do chefe.

Como a terra bolsonarista voltou a ser redonda, vamos aos predicados do novo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), eleito com apoio do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Lira tem origem no coronelato alagoano que chegou ao poder com a eleição do presidente Fernando Collor de Melo, em 1990, sacado dois anos depois sob um escândalo de um propinoduto tão ou maior que o atual da Petrobras, seguido de mortes e mistérios (mas essa é outra história).

Lira é ex-integrante da linha de frente que defendia Eduardo Cunha, ex-presidente da Câmara que fi preso pela Operação Lava Jato. Ele também é réu no Supremo Tribunal Federal (SF) pelo crime de corrupção passiva, acusado de receber R$ 106 mil em propina do então presidente da Companhia Brasileira de Transportes Urbanos que queria o seu apoio para seguir no cargo, em 2012.

Pelo fato de o processo ainda não ter sido concluído, o mantendo na condição de réu, Arthur Lira não pode ocupar a cadeira presidencial, mesmo sendo o segundo na linha sucessória, caso Bolsonaro e o seu vice Hamilton Mourão se ausentem temporariamente do país, renunciem ou morram. É a velha política em toda sua essência.

E não só. Bolsonaro apostou todas as suas fichas na eleição de Arthur Lira, oferecendo mundos e fundos ao Centrão. Foram oferecidos quatro ministérios, dezenas de cargos no segundo e terceiro escalões. Também houve a promessa de beneficiar o grupão com R$3 bilhões (Isso mesmo: três bilhões!) emendas extraorçamentárias. É a essência de que os fins justificam os meios, bem ao estilo da… velha política.

Isso tem nome e sobrenome na velha política: toma-lá-dá-cá. No terraplanismo político em formato de pizza, significa que o governo Bolsonaro agora está refém de um grupão sabidamente conhecido por negociar favores e mamatas, chamado pelos cultos de pragmatismo. Se essas benesses secarem, o Centrão pode ameaçar com um impeachment ou trancar tudo na Câmara. Simples assim!

Enfim, bem-vindos à terra redonda, bolsonaristas! A missão agora do negacionismo é tentar convencer-se e convencer quem acreditou em transformação que tudo isso não se trata de velha política.

A grande pizza terraplanista e negacionista está no forno. Alguém?

*Colunista

 

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