Sete pessoas foram presas em Boa Vista no sábado (19) acusadas de tentativa de homicídio em Tribunal do Crime, uma espécie de reunião jurídica feita entre faccionados na qual o “disciplina”, membro que conhece o regimento interno do crime organizado, julga a execução de quem for levado para julgamento.
Os faccionados tentaram matar um homem de 20 anos identificado como M. V. R. S., por supostamente fazer parte de uma facção rival. Ele conseguiu escapar, denunciou os sete para a Polícia Militar (PMRR), e o Batalhão de Operações Policiais Especiais (BOPE) prendeu os envolvidos ainda em situação de flagrância.
Uma faca, um arma de fogo e um machado, usados na tentativa de homicídio, foram apreendidos.
O CASO
A vítima informou à PM que uma mulher entrou em contato com ele, via redes sociais, e marcou um encontro na residência dela. Chegando ao endereço informado, os moradores disseram que ela não se encontrava.
Enquanto aguardava, seis pessoas chegaram ao local em um veículo, quatro homens, um adulto e três adolescentes. São eles: G. S., de 45 anos, L. V. C. L., de 17 anos, e P. H. C. C., de 16 anos, P. H. R. M., de 16 anos, e duas mulheres, T. R. V., de 26 anos, e K. C. M. F., de 18 anos.
Eles o amarraram e o colocaram dentro da residência, onde estava J. O. C., de 24 anos, que teria a função de “disciplina” da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC) e o sentenciou, no chamado tribunal do crime, à pena de morte por supostamente pertencer à facção rival, Comando Vermelho (CV).
Conforme M. V. R. S, eles o colocaram no carro e se deslocaram até um lago na região do Anel Viário, nas proximidades do rio Cauamé.
No local, ele foi agredido com socos e pontapés, e os infratores, que levaram uma faca e um machado, tentaram desferir golpes, mas a vítima conseguiu se soltar e entrou no lago, nadou até a outra margem e conseguiu chegar ao rio Cauamé, onde foi socorrida
Os policiais foram com a vítima ao endereço informado e se depararam com os infratores. Na casa, também foram encontrados os materiais utilizados para praticar o crime, uma faca e um machado, além de oito telefones celulares e um simulacro de arma de fogo.
Os envolvidos foram conduzidos para a Delegacia da Polícia Civil. Um dos infratores, J. O. C., não foi levado imediatamente por falta de meios, devido ao fato de ele estar tetraplégico.
Foi efetivada autuação em flagrante de todos e foram encaminhados para audiência de custódia.
“Após a denúncia que dava conta de que uma vítima conseguiu escapar desse tribunal do crime, a PM foi ao local. Ela detalhou o fato e repassou a localização do endereço dos infratores. Havia adultos, adolescentes e mulheres. Diligências foram realizadas aqui na capital, e a Polícia logrou êxito e conseguiu localizar todos. Eles foram apresentados na delegacia para as providências cabíveis. Tiramos de circulação os criminosos e damos essa resposta para a sociedade”, ressaltou o comandante geral da PMRR, coronel Francisco Xavier.
