Foto: divulgação/Frigo10

Segundo o estudo “Brasil-Venezuela: Evolução das Relações Bilaterais e Implicações da Crise Venezuelana para a Inserção Regional Brasileira 1999-2021”, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), entre 2010 e 2021 as exportações de Roraima cresceram 2.878%, em US$ FOB (em dólares americanos, sem considerar custos de frete e seguro). Em segundo lugar vem o Piauí, cujas vendas cresceram 564% no período, depois, Tocantins (437%) e Rondônia (297%).

A combinação de crise econômica, sanções e pandemia na Venezuela fizeram as exportações de Roraima explodirem. As vendas do Estado para o exterior passaram de US$ 2,5 milhões em 2000 para US$ 336 milhões em 2021, sendo mais de US$ 244 milhões para a Venezuela. Hoje Roraima é o Estado cujas exportações mais crescem no Brasil. Mesmo com a possibilidade de suspensão das sanções americanas contra a Venezuela, a tendência é a dinâmica se manter no médio prazo, afirmam especialistas.

As exportações totais de Roraima atingiram US$ 11,3 milhões em 2010. Desse valor, apenas US$ 2,1 milhões foram para a Venezuela, segundo dados do Ministério da Economia. Com a escalada da crise no país vizinho, aceleraram para US$ 41,4 milhões em 2017 – US$ 15,9 milhões para a Venezuela.

Cresceram ainda mais em 2019, quando os Estados Unidos anunciaram sanções contra o setor petroleiro venezuelano. Naquele ano chegaram a US$ 157,7 milhões, dos quais US$ 73,6 milhões foram para o país vizinho. A pandemia e o fechamento das fronteiras aéreas e marítimas da Venezuela deram novo impulso às vendas de Roraima para o país. O Estado exportou em 2020 mais de US$ 196 milhões, dos quais quase US$ 150 milhões foram para a Venezuela. No ano passado, as exportações atingiram US$ 336,6 milhões, sendo US$ 244,5 milhões para o país vizinho.

Segundo Eduardo Oestreicher, diretor de comércio exterior da Secretaria do Planejamento e Desenvolvimento de Roraima, o boom de exportações do Estado ocorreu após o decreto de 2016 da Venezuela que permitia entrada de gêneros básicos sem necessidade de registro ou impostos. “Desde então, os venezuelanos foram fazendo comparações com custos logísticos e viram que comprar via Roraima era mais interessante”, diz. Oestreicher afirma que antes do decreto havia entre 25 e 35 empresas no Estado que operavam no comércio exterior. Hoje são cerca de 140.

“Na época do decreto, exportávamos cerca de 2.000 produtos. Hoje são mais de 300, dentre elas arroz, açúcar, óleo, margarina, frango, farinha de trigo”, afirma. Ele acrescenta que alguns itens, como arroz, passaram a ter maior produção na Venezuela nos últimos meses e, consequentemente, têm sido menos importados.

As vendas de Roraima têm como foco os Estados venezuelanos vizinhos de Anzoátegui, Bolívar e Monagas. “Tudo vai por caminhão. Em 2016, as três principais empresas daqui possuíam 300 caminhões. Hoje têm mais de mil”, conta. Com a pandemia, as autoridades passaram a permitir a entrada de carretas brasileiras apenas até Santa Elena do Uairén, o que facilitou o trabalho dos exportadores.

“Com as fronteiras fechadas pela pandemia, começamos a ver que era mais vantajoso comprar de Roraima. Nos demos conta de como era custoso comprar da China e da Europa”, conta Tomás Guerra, presidente da Federação das Indústrias do Estado de Bolívar.

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