Presidente da Assembleia, deputado Soldado Sampaio (Republicanos) e o governador Antonio Denarium (PP). Foto: Secom/RR

Fundada há quase 53 anos pelo então governador Hélio Campos, a Companhia Energética de Roraima, a Cerr, tinha a missão de levar energia por todo o estado. E fez esse papel muito bem durante mais de quatro décadas. É só conversar com qualquer morador do interior que ele conta como foi a migração para a atual concessionária, nos últimos anos. Satisfação nota dois.

Aquela sociedade de economia mista (cujo maior acionista era o governo de Roraima) chegou onde ninguém antes havia chegado – nas comunidades mais remotas desse estado, e de maneira muito direta fez o desenvolvimento chegar por ali também. Participou de conquistas na vida do nosso povo como ouvir o rádio e ver televisão. Imagine aí, como não deve ter sido ligar uma geladeira ou um ventilador pela primeira vez na Zona Rural. Foi graças à Cerr.

E como ela terminou? As últimas gestões, com grande destaque para Suely Campos, a deixaram atolada em dívidas trabalhistas, previdenciárias e do fundo de garantia, desonrando seus servidores com atrasos, na mira da Justiça, e agora, mais recente, sendo enterrada debaixo de um palanque eleitoral armado para Denarium e Soldado Sampaio jogarem a última pá de cal. E eles ainda querem sair sob os aplausos de “bons moços”.

O Poder Legislativo precisou pagar por um “Especial publicitário” no G1 onde mostra a “satisfação” dos 180 concursados da Cerr após a aprovação do projeto de lei de autoria do governo do Estado que realoca esses servidores na Caer e na Codesaima. Primeiro que o nome disso não é bondade, mas sim reparação. Segundo que a mensagem governamental enviada pelo Executivo em dezembro de 2021 pediu urgência em sua tramitação. Ainda que com o recesso legislativo, já estamos entrando em abril. É tão pouco o que eles têm para mostrar que precisam dividir as benfeitorias, e de tempos em tempos vão soltando, para mostrar o tal serviço prestado ao povo.

Senhores concursados, saibam que antes de definir a vida dos senhores, a Assembleia Legislativa de Roraima se ocupava com temas como a renovação do estado de calamidade pública para compras sem licitação, sacolas ecológicas, e alteração de modelo de carrinho de supermercado. Os senhores são merecedores das vagas e remunerações que ocupam, isso não é caridade. Após a aniquilação da Cerr, o mínimo a ser feito é oferecer condições de dignidade aos trabalhadores afetados, com segurança jurídica e a garantia de direitos. Parte dos 130 celetistas anteriormente dispensados já teve suas conquistas garantidas por intermédio da Justiça do Trabalho, portanto não caiam na conversa de que “aprovamos o PL preocupados com os servidores concursados, nosso maior patrimônio”, que se fosse assim a urgência já teria sido atendida muito antes.

Caridade com o dinheiro dos outros

Ainda com a visão de que político tem que inaugurar até orelhão, a dupla Denarium & Sampainho continua seu ano eleitoral com narrativas esdrúxulas e sem políticas públicas substanciais que melhorem a vida dos roraimenses. Se apegam a feitos como salários em dia e realocação de servidores, e sabemos que gestão pública responsável vai muito mais além. Com a extinção da Cerr e o anúncio de novas fontes de energia para Roraima, de alguma forma você espera que a conta de luz vá baixar? Isso sim é uma preocupação real.

Outras pautas enfeitadas com firulas desse gênero, travestidas de trabalho árduo, seguem guardadas para serem soltas até outubro, homeopaticamente, na confiança de que algum indicador reaja em favor deles.

Se houvesse placa de encerramento como existe na inauguração, só daria o senhor, governador.

Varre, vassourinha!

E a agenda de prioridades nesta pré-campanha aparenta estar muito mal elaborada. Também sem ter muito o que mostrar  de trabalho, alguns deputados e pré-candidatos já conhecidos pela população começaram a arregaçar as mangas para construir uma imagem de maior proximidade com o eleitor.

O ex-deputado Luciano Castro, por exemplo, aparece em um vídeo varrendo uma calçada. Virou piada instantânea nas redes sociais. Outros deram início à temporada de beijos e abraços. Atenção, você que é pobre, tenha cuidado! Dizem que somos os alvos prediletos.

Quando vimos os parlamentares estaduais suspenderem o carnaval para votar a cassação de um opositor, aprendemos que, quando eles querem algo, vale até votar diretamente do leito do hospital, ainda que em tom de últimas palavras, na intenção de ficar na lembrança do eleitor. Só queríamos que esse vigor político fosse usado em prol da nossa gente, ao longo do mandato também.

Deixe seu comentário

Please enter your comment!
Please enter your name here